Inês é morta.
Sim,
cabe recurso e a Portuguesa promete ir até à Justiça comum contra a decisão do
STJD. Mas não, de nada adiantará.
A
Lusa jogará a segunda divisão em 2014, enquanto o Fluminense permanece na
primeira, graças à pataquada lusitana e ao pragmatismo do regulamento.
Dito
isso e avançando à questão para evitar injustiças futuras, fruto de um erro
pueril, que tal haver mobilização DE FATO por mudanças que evitem a decisão de
um campeonato nos tribunais, por motivo tão tolo?
Na
minha concepção, as alterações passam – necessariamente – por dois pontos:
I) O
básico: estamos no século 21. Tecnologias da Informação e da Comunicação
abundam. POR QUE RAIOS NÃO HÁ UM SISTEMA ELETRÔNICO DE SUSPENSÕES NO FUTEBOL
BRASILEIRO?
Não
custa tempo – é rápido e básico no mundo moderno. Basta querer fazer. As
suspensões são devidamente registradas eletronicamente e, no jogo seguinte, o
delegado checa a lista de relacionados e comunica um responsável da comissão
técnica, caso haja um jogador irregular. Simples. Transparente! Tudo para que o
futebol seja decidido em campo.
II)
Mudança no regulamento. Que tipo de punição é essa em que você comete uma
irregularidade e, além dos pontos conquistados, perde mais três? E ainda ganha
uma multa financeira de ônus.
Realmente,
não é possível que se passe impune irregularidades. As normas são obviamente
necessárias, assim se desenvolveu nossa sociedade, mas elas devem sempre
conduzir à justiça. Até porque – como me alertou um amigo –, diante do apelo da
opinião pública neste caso da Portuguesa, fico com a sensação de que havia um
clamor para que fosse feita justiça com as próprias mãos, de modo a ignorar a
regra, o que seria uma injustiça com todos os outros clubes que a cumpriram –
inclusive o Fluminense.
Pois
bem: se ainda assim, com todo auxílio tecnológico, houver algum clube que
infrinja o Artigo 214 do CBJD, que lhe seja debitado apenas os pontos somados
na partida. E que se inclua um parágrafo para o caso de derrota desta
agremiação (situação em que, portanto, não soma ponto algum), no qual ela será
punida com o número máximo de pontos atribuídos a uma vitória no regulamento da
competição.
Em
tempos de clubes lutando por perdão de dívidas, uma união deles em prol de
transformações que só beneficiariam o futebol brasileiro (e imagino que outros
esportes também, uma vez que o CBJD se aplica a outras modalidades) não deveria
ser tão absurdo.
Não
deveria, mas é.
Se
os nossos jogadores, envolvidos no Bom Senso FC, querem de fato lutar por um
futebol melhor, é preciso refletir – e cobrar publicamente – também sobre a
postura omissa dos clubes do país.
O
futebol brasileiro é parcamente regido do jeito que é, porque há muita gente
que ganha com isso, às custas da paixão dos torcedores e de situações absurdas
de violência nos estádios e decisões em tribunais esportivos. Criticar e apelar
por mudanças na anacrônica CBF é o mesmo que, em alto mar, avistar somente a
ponta do iceberg...